sábado, 13 de fevereiro de 2016

Saúde plano nacional

Note-se que esse tema - a unificação dos serviços de saúde e a
constituição de uma autoridade sanitária nacional - esteve também fortemente
presente no debate da OPAS. Como veremos com mais detalhes, dessa
geração de cientistas, Oswaldo Cruz, Raul de Almeida Magalhães e Carlos
Chagas representaram o Brasil na condição de delegados nas Conferências
Pan-Americanas de Saúde, e os dois últimos participaram também do corpo
diretivo da organização. tornear pernas   como ter bundão

A construção de uma identidade profissional mais delimitada pode médico pediatra
também ser relacionada às mobilizações dos anos de 1910 e 1920. A ênfase
na saúde coletiva e nas chamadas endemias rurais marcou a constituição do
Departamento Nacional de Saúde Pública e a formação de novas gerações de
profissionais. O termo sanitarista substituiu progressivamente a referência  médico psicologo
tradicional aos higienistas, indicando especialização profissional e maior
distinção entre as atividades científicas no laboratório e as atividades de
saúde pública. Tal processo não ocorreu isoladamente no Brasil e contou
com a participação ativa da Fundação Rockefeller no ensino médico, como
foi o caso da criação da cadeira de higiene na Faculdade de Medicina de São
Paulo, em 1918 (Castro Santos, 1987, 1989). Muitos profissionais brasileiros
completaram seu processo de especialização, nas décadas de 1920, médico fisioterapeuta
1930 e 1940, na Escola John Hopkins de Higiene e Saúde Pública, importante
centro de pesquisa e ensino financiado pela Fundação Rockefeller nos
Estados Unidos (Fee, 1987). médico dentista

Um dos efeitos mais notáveis da campanha consistiu na criação dos
postos de profilaxia rural em diferentes estados, que significaram, ainda que
13 A análise da relação entre o movimento sanitarista e a implementação de políticas de saúde está desenvolvidanos trabalhos de Castro Santos (1987) e Hochman (1998).
pequeno fosse o resultado para a melhoria das condições de vida, a presença
do Estado na implementação de políticas de atenção à saúde de populações
que, como afirmaram Arthur Neiva e Belisário Penna (1916: 199), só sabiam
de governos "porque se lhes cobravam impostos de bezerros, de bois, de
cavalos, de burros". Ainda é possível afirmar que a campanha transformou em
problema social, tema de debate público, uma questão que até aquele momento
encontrava-se em foco especialmente nos periódicos médicos - a doença e
o abandono como marcas constitutivas das áreas rurais do Brasil.14

Entre os estudos que se dedicaram a analisar as políticas de saúde
pública durante a Primeira República, o de Luiz Antônio de Castro Santos
trouxe uma contribuição relevante ao propor uma abordagem mais processual
para as relações entre movimento sanitarista, políticas de saúde e construção
da nacionalidade, acentuando que causas diversas poderiam ser apontadas.
Identificou duas fases das ações sanitaristas durante a Primeira República:
a primeira voltada ao combate às epidemias urbanas, quando as preocupações
com a saúde dos imigrantes desempenharam papel central; a segunda,
ao saneamento rural, em que se fez sentir a força das idéias nacionalistas
então em debate (Castro Santos, 1985, 1987).

O papel que o movimento pela reforma da saúde pública desempenhou
na consolidação do Estado nacional no Brasil foi bem explorado por
Gilberto Hochman (1998), que, com base no conceito de interdependência
social, relacionou as possibilidades de expansão territorial da autoridade
pública ao impacto das idéias científicas sobre transmissibilidade de doenças.
Os caminhos trilhados pelos sanitaristas nesse período, a partir da abordagem
da doença como principal problema nacional, interagiram decisivamente
com questões cruciais da ordem política brasileira: as relações entre
o público e o privado e entre poder local e poder central. Temas que, ademais,
desnecessário lembrar, permanecem de evidente atualidade.

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